Três Anos...

Já ando com este pedaço de borracha a volta do estômago faz 3 anos.
Ontem nem me lembrei, só quando hoje cheguei ao trabalho e vi o lembrete é que me bateu...
A "BANESSA" fez ontem 3 anos!
Do dia em que fui operado, hoje só peso -17kg, já pesei -30kg, precisava de pesar -50kg, mas a banda já não ajuda mais, ou é a cabeça, ou o stress, ou lá o que seja, não importa.
Felizmente nestes 3 anos conheci-vos e cada um vocês vale todos os kg a mais ou menos em qualquer balança.
Também encontrei o Amor da minha vida e além de partilharmos um estômago operado hoje partilhamos a vida, lado a lado.
Por tudo isso:
PARABÉNS "BANESSA" e que este seja o teu ultimo aniversario.
PARABÉNS PESSOAL XXLight e que celebremos muitos aniversários e dias felizes...
Quanto a nós já sabemos...
NUNCA DESISTIR...

Dezassete…

Este mês foi o mês da mudança de rumo, quando tudo parecia ir bem, a “Banessa” recusa-se a continuar a ajudar… Toda a gente tem falado mal da banda, que não resulta, que não tem resultados, que as complicações são grandes, até aqui eu ria e dizia que nem pensem nisso, a banda é o máximo, mas o tempo mostrou-me que nem por isso, pelo menos neste momento a minha não se está a portar bem, a fome é muita, o peso não desce, e com os apertos e desapertos a cabeça também não ajuda.
Esperamos melhores dias…

Peso actual 103,7kg

reApertadinho/desapertado…

Lá fui até Lisboa ter com a Dra. Leonor para ver o que se passou com a “Banessa”. Marcou um exame, que só há vaga lá para Dezembro e voltou a apertar a banda, fiz o tempo de espera habitual e entupi com a água de controlo, voltei à sala e fui desapertado para 2cc. Lá voltei para casa com um sentimento de desalento e de revolta, porque raio é que a “Banessa” está contra mim? Que é que aconteceu? Não a tenho tratado bem? Porque é que a banda não resulta?

Peso actual 102,2kg

Entupido…

O dia de ontem foi horroroso, só consigo ingerir agua, tudo o que seja mais espesso não passa, nem um sumo, e tudo o que seja sólido, mesmo que só um iogurte não passa, os vómitos são constantes a sensação de mau estar e muito grande.
Acabei por ir as urgências do Hospital dos Covões onde fui atendido por um médico da equipa que operou a Sandra e desapertaram a “Banessa” para 3cc.

Peso actual 100,6kg

Apertadinho…

Hoje a “Banessa” foi a “mudança de óleo fui apertado com 6cc, a fome já era muita e a necessidade de voltar a perder peso também, por isso lá fui apertado mais uma vez e voltei a dieta líquida.

Peso actual 102,1kg

Dezasseis… Sweet sixteen…

Mais um mês com a “Banessa” se passou, e que mês este, ouve de tudo um pouco para todos os gostos, emoção, drama, acção, terror, paixão, carinho, e bater de coração…
Foi tempo de mudança para a Sandra e estou perto dela como nunca, agora é apoiar a recuperação e ajudar a mudar os hábitos e aproveitar a mudança para manter a minha linha…

Peso actual 101,5kg

Hoje a minha amada teve alta…

Quase 8 dias depois da operação, finalmente hoje a minha menina pode ir para casa…
Se não fosse hoje, amanhã mudava-me de armas e bagagens para o hospital só para estar perto dela, e não havia enfermeira com cara de má que me tirasse de lá…
Eu estive internado 3 dias e ao fim do segundo já estava fartinho de lá estar, tenho a noção que a minha menina ao fim de 8 dias já devia de estar pelos cabelos, eu estava…
Já não a podia ver sozinha por lá, embora faça amizades facilmente e tenha cativado enfermaria e meia, e com os amigos e familiares sempre a visita-la, mas mesmo assim estar naquele lugar horroroso e a passar por provações que só Deus sabe…
Fui busca-la as 11h da manha, mas previa-se que ia demorar ainda a sair e fui para casa dela almoçar e esperar que me chamasse, mas eu estava inquieto, num estado de nervos tal que até tive um ataque de pânico:
Eu tenho medo de cães grandes, e lá por casa dela só há um “pequeno rottweiler” que por mais meigo e simpático que seja me impõe um respeito enorme, mas qual respeito, é mesmo medo, e o cão ao sentir isso ainda me ladra e se manda a mim, piorando a situação, pois bem tinha já almoçado há um bom bocado e o telemóvel sem tocar e decidi ir para o hospital mesmo sem ser convocado, pois estar perto dela acalmaria de certo os meus nervos, fui ao quintal da casa para comunicar a decisão e eis senão quando o pai da Sandra entra pelo portão com o cão pela trela e acto reflexo o solta no mesmo instante, eu fico no meio da varanda paralisado com o cão a vir em minha direcção, comecei a tremer de tal forma que nem conseguia mexer um musculo, mas a sensação não era tanto de medo, mas de impotência, não sei descrever, o cão nem me ligou nenhuma e foi correndo pelo quintal cheirando aqui e ali e depois foi deitar-se aos pés dos donos que entretanto se tinham sentado e me tinham convidado a juntar-me a eles, mas o meu corpo não reagia, falava, respondia, conseguia pensar claramente, mas não conseguia mexer um musculo que fosse, a não ser tremer, não faço ideia se os meus interlocutores de aperceberam da situação, não tenho noção de quanto tempo durou, mas ao fim de algum tempo lá me consegui virar e esticar os braços, entretanto o cão lá foi para o seu canil e eu para o hospital buscar a minha menina com o coração a mil.


Peso actual 101,5kg

Dia R... R de Sandra...

Ontem deu entrada nos Covões pelas 10h onde ficou para ser “Sleevada” a minha namorada... Tentei ao máximo estar presente e apoiar em todo o percurso, por ter passado pelo mesmo compreendo a necessidade de se ter alguém por perto, os hospitais conseguem provocar em nós sensações que só pensávamos possíveis em filme...
E estes momentos finais antes de "irmos à faca" deixam-nos os nervos em franja...
Hoje pelas 7 da manhã estava a porta da enfermaria a espera da minha menina que ia dar entrada no bloco as 8 da manhã. Percorri com ela os corredores que davam até lá. E fiquei a espera a porta, vi o pessoal de enfermagem chegar em amena cavaqueira e passados uns 20 minutos passa o Sr. Dr. Cirurgião calmamente a ler um jornal diário, numa calma e descontracção como quem se dirige para um escritório ou para qualquer repartição pública, aquilo que para nós é “uma coisa do outro mundo” para um cirurgião é só mais uma tarefa num habitual dia de trabalho…
Depois seguiram-se algumas horas de muita ansiedade, horas que para mim pareceram não ter fim, lá pelas 10h lá consegui falar com uma simpática funcionária do bloco que me deu a informação que a cirurgia tinha terminado e a Sandra estava no recobro, mais não estava autorizada a dizer, para tentar falar com o médico, e as horas passaram e do médico nem vestígios e mudou o turno e foi hora de almoço e ninguém me dizia nada, a mesma funcionária vendo-me ali lá se compadeceu comigo e me deu mais algumas informações. Finalmente por volta das 15h lá veio o pessoal da enfermaria com ordens de marcha para a minha menina. E lá saiu ela do bloco ligada a uma máquina com uma seringa de analgésico, um saco de soro e um sorriso na cara. Assim que lhe toquei na pele levei logo uma descarga eléctrica para recarregar as baterias...
Foi um dia longo e cheio de ansiedade, em que duvidas se tornaram certezas e fraquezas forças, que mudou a vida de alguém e a minha também…
Obrigado aos amigos pelo apoio e pela presença que embora telefónica, foi muito importante…
Hoje a minha amada foi operada…

Peso actual 102kg

Hoje entupi…

Desta não foi como das outras vezes, agora sei o que é entupir, ficar algo preso na banda que nem passa, nem deixa passar sequer a saliva. É uma sensação nada agradável e o vómito inevitável. Tudo aconteceu com um bocadinho de coelho e pão, era um normal coelho estufado da parte mais seca do lombo e um pedaço de pão de cereais. Foi logo ao fim da 3ª ou 4ª garfada. Começou como das outras vezes, senti a comida empancar na “banessa” e depois vieram os soluços, só que desta vez a dor fininha e a sensação de que está a passar não aconteceu. A saliva foi aumentando e tornando-se mais espessa, a capacidade de engolir desapareceu e foi ai que se formou o primeiro vomito e então tive a noção que seria desta vez que vinha fora, foi preciso quase ano e meio e um simples pedaço de coelho. Estava no trabalho como de costume e desta vez estava sozinho, só estava um cliente na loja e felizmente já era um cliente antigo. Fui até lá fora para apanhar ar que já nem falar conseguia tal era a quantidade de saliva acumulada e foi ai que vomitei pela primeira vez. Não era um vómito normal, não me deixou mal disposto, não tinha sabor amargo, não tinha cor, era somente saliva com uns minúsculos pedaços de coelho mastigado, era viscoso e grosso, mas limpo e inócuo, nada do que estava a espera. Senti-me aliviado, a sensação de mau estar passou e voltei para dentro e atendi o cliente. Só que ao contrario do que me parecia ainda não tinha acabado, o coelho ainda estava preso na “banessa” e a saliva já estava a acumular outra vez, sem ter noção disso bebi 2 golos de água e percebi logo que tinha feito uma enorme asneira, pois a água não desceu e tive de vomitar pela segunda vez, em tudo igual a primeira, sem cor, sem cheiro, sem sabor, mas grossa, espessa, parecia um pega monstro incolor e ao cair no chão da rua parecia ter vida própria, como o rasto de um caracol com 20cm de tamanho. Lavei tudo a mangueirada e felizmente chegou a patroa. Fui ate a casa de banho onde fui salivando sem mais vomitar e ao fim de alguns minutos que me pareceram horas lá senti a “banessa” ficar livre e desimpedida. Desde essa vez já tive os ligeiros entupimentos que dantes sentia e com a intensidade deste nunca mais se repetiu. Felizmente embora sozinho esteve sempre lá alguém comigo, alguém que partilhou da minha aflição e me deu a ajuda necessária para me aguentar. Obrigado meu Amor. Mesmo só à distância de um fio de telefone senti o teu carinho e ajuda.
Vou ter de arranjar agora um novo termo para definir os ligeiros entupimentos que não passam de meros grãos de areia mais grossos em comparação com este calhau a passar na ampulheta em que a “banessa” transformou o meu estômago. Vou-lhes chamar “estupidamentos” pois a maior parte das vezes devem-se a “estupidez natural” de quem ao fim de tanto tempo ainda não aprendeu a mastigar e a comer pausadamente.
Fim aos “estupidamentos”, nunca mais aos entupimentos, coelho até á próxima que o bicho não teve culpa nenhuma e pão sempre muito bem mastigado…

Peso actual 101,5kg

Quinze...

Mais um mês se passou e em muitas peripécias a banessa participou…

Desta feita já é o décimo quinto…

Do Latim: Quindecim…

Binário: 1111 (como o famoso quarteto que canta)…

Hexadecimal: F (fff!!! como “dizem” os gatos)…

Numeração romana: XV (como na matricula de um qualquer carro)…

Não sei se do calor ou da maior quantidade de esforço físico (aumento da actividade profissional, não estejam já a pensar coisas perversas) este mês comi que nem um alarve, nunca me sentia satisfeito, foi comer e comer até engordar uns quilos, felizmente apercebi-me disso a tempo e embora não me refreasse na quantidade contive-me na qualidade, muita courgete foi mastigada este mês e muita fruta também, e entre altos e baixos o peso manteve-se, ainda não voltei aos 2 dígitos, mas ando lá perto…

Esta última semana foi uma festa, em primeiro lugar, estava de férias, depois mais um encontro XXLight que foi um sucesso, só alegrias, casos de sucesso, reencontros e novos familiares, sim que XXLight é sem duvida uma família e em crescimento (mas só no numero de pessoas que em peso cada vez esta mais baixo), obrigado por me deixarem fazer parte da família…

Também foi semana de ir a revisão, ou melhor á consulta, desta vez um dois em um, até fui chamado para dois consultórios ao mesmo tempo, fui á psicóloga que só já me quer voltar a ver quando fizer 2 anos de operado (será que afinal não sou assim tão maluco ou então já estou curado) e a nutricionista que finalmente me acrescentou massa, arroz e pão á dieta (não que eu não os fosse já degustando de quando em vez), agora só falta a consulta da verdadeira revisão em que vou levar de certeza mais um aperto (e que bem precisado dele ando) quer dizer quem vai levar o aperto é a pobre da banessa que eu nem tenho levado nas orelhas porque de cada vez que vou ao hospital perdi sempre nem que seja só 1 quilito…

Cada vez mais a vida acontece lá fora, longe de teclados e monitores, onde as palavras são ditas e sentidas e não apenas escritas onde as caras têm expressão e não são apenas desenhadas por pontos e virgulas e parênteses, nada bate o sorriso da pessoa que amamos quando lhe fazemos uma surpresa, assim como nada bate uma lágrima que escorre pela sua face quando a magoamos, mas é lá fora onde as pessoas são de carne e osso que hoje me sinto bem, fora de portas, sem ter o rabiosque sempre sentado no sofá e o portátil á frente, lá fora onde o mundo já não é tão cruel, onde já não sou olhado de lado, onde sou apenas mais um na multidão…

Não termino este post sem uns pedidos de desculpas:

Em primeiro lugar peço desculpa pelo atraso, eu sei que devia ter sido dia 6, mas valores mais altos se levantaram, não fiquem a pensar outras coisas, foram só uns dias de férias, longe de 1 computador e perto de 1 amor...

Depois peço desculpa aos amigos que tenho negligenciado, sei que não é desculpa, mas algum (muito) trabalho a mais nesta altura do verão tem-me impedido de manter o contacto como era normal. Peço desculpa de não ter respondido aos vossos comentários e incentivos, de não vos ter procurado ou de não estar lá quando vieram a minha procura, mas nunca vos esqueço…

Quando ao tempo que agora invisto com uma só pessoa e que dantes era partilhado convosco desse não peço desculpa, pois embora esteja só a partilha-lo com alguém muito especial, nesse momento trago-vos a todos no coração, se são meus amigos a minha felicidade é a vossa felicidade e desejo-vos o mesmo...

O amor é lindo e a vida sorri…

Até á próxima e que seja em breve...


Larguras...


Luís Cartaxo aka Bariatric


peso actual 101 kg